De regresso a Lisboa... notas sobre:

1) Primeiras impressões à chegada...

O novo aeroporto da Praia é pequenito, mas agradável, está repleto de cor com as grandes pinturas que exibe na fachada principal.
Saimos directamente do avião para a sala de desembarque com relativa ordem... o pior foi mesmo a espera por causa dos vistos...
As estradas de acesso à cidade são boas, em alcatrão. A paisagem estava árida e seca - ficámos desiludidos...
As primeiras habitações que vimos foram construções em tijolo de aspecto inacabado.
Havia muita gente na rua - principalmente crianças a brincar.

Quando chegámos ao Plateau, a agitação era muita... À porta da residência para onde nos dirijimos (na rua do mercado) havia muita gente, algumas vendedoras de rua, dois pedintes de esmola e algum lixo no chão - próprio de um dia de comércio ao ar livre.
Confesso que o primeiro impacto não foi propriamente positivo! Levou algum tempo até nos acostumarmos ao reboliço da cidade; ao ambiente agitado; às frequentes interpelações de estranhos a pedir, a vender ou simplesmente a interagir connosco; aos mosquitos de final da tarde; ao calor húmido.... O mais engraçado é que perto da data de partir, parecia que aquele cenário fazia parte do nosso dia... Quando regressámos a Lisboa, sentimos uma espécie de "saudade"... já nos havíamos acostumado à agitação e simplicidade do dia-à-dia na cidade da Praia :) é difícil explicar!


2) As pessoas, o dia-a-dia, a língua...

O dia começa cedo no Plateau. O comércio de rua - com a venda de legumes e frutas por parte de mulheres (muitas delas vindas do Tarrafal) - marca o ritmo... A cidade parece girar em torno do mercado, onde proliferam as mulheres e crianças.
Comprámos algumas frutas e legumes na rua e gostámos... não esquecerei o sabor daquelas papaias... hum... :)
Perto do mercado fica a Praça Alexandre Albuquerque - os Paços do Concelho - onde há uma grande preocupação da Câmara em manter o local limpo, por isso, veêm-se de quando em quando algumas senhoras de bata cor-de-laranja a varrer o chão.
Segundo um vereador com quem falei, há nessa mesma Praça um sistema de wireless (embora não estivesse a funcionar enquanto lá estive porque rebentaram uns cabos que danificaram as telecomunicações) - a CMP aderiu à Rede das "Cidades digitais".
Notei por parte das pessoas competentes com quem falei, um grande esforço por fazer de Santiago em particular, e da imagem de Cabo Verde, em geral, um local de caminho ao progresso... Uma tentativa de mostrar que o país está a dar um grande "pontapé" para a frente... tal como demonstra o artigo «Praia na esfera das cidades e territórios inteligentes» da Revista da Câmara Municipal da Praia, n.16, Abril-Junho 2006, pp.10-11.

Há muitos taxis, que circulam durante todo o dia e parecem estar sempre ao seviço. Os taxistas não aguardam pelos clientes parados, estão sempre em movimento e tendem a concentrar-se perto dos locais de comércio. Vê-se com alguma frequência carros vulgares a fazerem de taxi... os condutores aproximam-se de nós a perguntar se queremos os seus serviços... os preços são praticamente iguais para todos os locais e variam entre os 100 e os 150 escudos caboverdeanos para deslocações na cidade (há que pedir para ligarem o taximetro... porque a maioria dos concutores não o faz!).
Também existem muitos autocarros, que circulam todo o dia e com muitos passageiros. O bilhete é muito barato.
É impressionante a importância que boa parte dos condutores de Santiago dá aos seus carros... ou os limpam ao final do dia (praticamente todos os dias) ou os entregam aos moços que estão na rua com o intuito de prestar esse serviço.

A maioria das pessoas são simpáticas e prestáveis quando as abordamos e uma grande parte, se não mesmo a maioria, fala em crioulo no quotidiano.
Tive a oportunidade de circular muito pelas ruas, de visitar os dois museus, alguns Institutos, Organizações, a Câmara Municipal, supermercados, de me sentar na esplanada do café mais "badalado" que parece existir por aquelas bandas, de andar de autocarro, de taxi, etc... e ao observar as pessoas pude ouvir que falavam entre si a língua materna. Fiquei surpreendida por ouvir tão pouco o português no quotidiano... no entanto, há muita gente que entende bem e que consegue responder em português (ainda que com crioulo à mistura em algumas expressões, principalmente entre os mais velhos).
Ao falar com alguns jovens estudantes do secundário, disseram-me que só falavam português nas aulas... e que o português da disciplina "Língua Portuguesa" era difícil, com muitas palavras que eles não usam e que são difíceis de pronunciar. Disseram-me que falam crioulo, inclusivé quando estão no messenger com os amigos e que quando algum fala em português, parece ficar com o rótulo de se estar a armar em bom... ehehehehehehe!!! Até porque o português - dizem - não tem algumas expressões que querem usar para dizerem o que sentem.
Por outro lado, os jornais e revistas que comprei são escritos em português e nota-se uma grande preocupação em manter um nível de escrita elevado - com palavras "caras" e expressões cuidadas.

3) O turísmo...

Em Santiago o turismo ainda não é um sector atractivo... há muito ainda a fazer, principalmente se, sem pensarmos com justiça, avaliarmos o conforto e os serviços que nos prestam pelos padrões europeus a que estamos habituados.
Uma pequena experiência que vivi em relação ao alojamento serve para ilustrar esta situação. Num dos dias em que tomei o pequeno-almoço na residência onde estavamos, pedi um sumo de pacote que chegou às minhas mãos fora de prazo (quatro meses); não reparei logo e comecei a beber... senti algo de diferente e foi então que verifiquei o prazo. Fui ter com uma das empregadas que estava de serviço, a primeira coisa que ela disse foi: "não interessa, bebeu, agora tem de pagar. São 100 escudos". Penso que o mais sensato naquela situação teria sido pedir desculpa pelo sucedido, dizer que lamentavam o sumo estar fora de prazo e que tinha sido sem intenção... ou qualquer coisa do género... a fim de cativar o cliente (neste caso, eu). Mas não, a preocupação principal foi o dinheiro, o lucro...
Como esta situação surgiram outras que aqui não vale a pena mencionar... Isto apenas para dizer que fiquei com a ideia de que para se ficar bem instalado na cidade da Praia, temos de recorrer aos únicos hoteis de 4 estrelas que existem e que são caríssimos para o bolso da maioria dos visitantes... Será?!

Outra coisa que faz muita falta no Plateau, são os restaurantes. Só vimos um, e estava fechado!
Encontramos uma pastelaria/snack-bar de uns portugueses que serviam refeições a um preço razoável e há ainda as tasquinhas com comida local.

A praia que estava mais perto de nós, Gamboa, também está pouco atractiva... há que arranjá-la e dinamizá-la... os recursos não faltam, estão lá! :)
A única praia, que conhecemos, capaz de chamar os turistas é mesmo a do Tarrafal, mas que fica no extremo oposto da ilha - e o caminho é penoso! Gostaríamos de ter conhecido mais praias, mas o tempo não chegou...

4) Para finalizar...

A conhecida frase "primeiro estranha-se, depois entranha-se" aplica-se na perfeição à nossa experiência em Cabo Verde. Houve muita coisa que nos desiludiu (a paisagem seca, o modo como algumas pessoas do interior vivem, o lixo que abunda nos bairros periféricos da cidade, a praia da cidade, etc...), mas houve outras tantas coisas que nos cativaram (a simpatia; os sorrisos - principalmente para a nossa pequena Beatriz; o reboliço do Plateau; a simplicidade das pessoas; a rapidez com que compravamos algo em falta - era tudo tão perto; a pacatez do dia-a-dia; a vontade de mudar e ser melhor; o sentar na pracinha ao final do dia e ver as crianças alegres, de uniforme azul a chegarem da escola, as mulheres a regressarem em grupo dos seus trabalhos, os velhinhos sentados no jardim em amenas conversas; enfim...).
Foi uma experiência diferente... a primeira em África... algo a repetir...

Entrevistas realizadas & Documentos cedidos

Entrevistas:

  1. Ex-aluna na FCSH-UNL, actualmente funcionária de um organismo público, 4.05.2007, Café “Sofia” – Praia;
  2. Alunas do 9ºano em Cabo Verde, 7.05.2007, Biblioteca Nacional – Praia;
  3. Dr. Varela Neves (Vereador do Pelouro “Cooperação, Formação, Cultura e Cidadania), 7.05.2007, Câmara Municipal da Praia;
  4. Dr. João Neves (Adido cultural), 8.05.2007, Instituto Camões – Praia;
  5. Dr. Pedro Cruz (Assessor Cooperação), 8.05.2007, Embaixada de Portugal na Praia;
  6. Sabino Baessa, (Presidente da Associação Fladu Fla), 8.05.2007, Café “Sofia” – Praia;
  7. Pintor Abraão Vicente, 8.05.2007, Café “Sofia” – Praia;
  8. Músico Djimbo Barbosa (também um dos Pró-reitores da Univ. de Cabo Verde), 8.05.2007, Café “Sofia” – Praia;
  9. Jornalista Danny Spínola (também Escritor & Pintor), 9.05.2007, Café “Boca Doce” – Achada de Santo António;
  10. Dr. Joaquim Morais (Presidente da BN), 9.05.2007, Biblioteca Nacional – Praia;
  11. Dr. Júlio Santos (Funcionário do Instituto das Comunidades), 9.05.2007, Café – Achada de Santo António;
  12. Pintor José Maria Barreto, 10.05.2007, Fundação de Pintura – Praia;
  13. Dr.ª Amélia Mingas (Directora Executiva do Instituto Internacional de Língua Portuguesa), 10.05.2007, Sede do IILP.

Documentos que me foram oferecidos:

  • Artiletra. Jornal-Revista de Educação, Ciência e Cultura, Larissa e João Rodrigues (dir.), ano XIV, n.69/70, Julho/Agosto 2005;
  • Doc. "Plano Anual de Cooperação Portugal - Cabo Verde 2007", Cooperação Portuguesa;
  • Doc. "Programa Indicativo de Cooperação, Portugal: Cabo Verde [2005-2007], IPAD;
  • Doc. "Uma visão estratégica para a cooperação Portuguesa", Edição do Instituto de Apoio ao Desenvolvimento do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Fevereiro 2006;
  • Dossiê com doc.s sobre os projectos do IILP;
  • Expresso das Ilhas, Vlademiro Marçal (dir.), n.283, 9 Maio 2007;
  • Cooperação. Publicação quadrimestral da cooperação portuguesa, n.01, II Série, Dezembro 2006;
  • Cultura de resultados. Factos e Feitos, Revista da Câmara Municipal da Praia, 2006;
  • Fragata, Revista de Bordo da TACV, n.8, III Série, Janeiro-Março 2007;
  • Nota de Imprensa do IILP sobre iniciativas de 4 de Maio de 2007;
  • Praia. Santa Maria, Revista da Câmara Municipal da Praia, II série, n.15, Fevereiro 2006;
  • Praia. Santa Maria, Revista da Câmara Municipal da Praia, II série, n.16, Abril-Junho 2006;
  • Pré-textos, Revista de Arte, Letras e Cultura, Danny Spínola (dir.), Associação de Escritores Caboverdeanos, Dezembro 1998;
  • Pré-textos, Revista de Arte, Letras e Cultura, Danny Spínola (dir.), Associação de Escritores Caboverdeanos & IBNL, Dezembro 2005;
  • Pré-textos, Revista de Arte, Letras e Cultura, n. 1, II série, Danny Spínola (dir.), Associação de Escritores Caboverdeanos & IBNL, Dezembro 2006;
  • Resenha biográfica do Pintor José Maria Barreto;
  • Vagens de Sol - Livro de Danny Spínola, Edição do Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2005.

Obrigada a todos pelo tempo dispendido, pelas informações prestadas, pelos documentos cedidos e pela boa-vontade!

Entrevista a Danny Spínola & visita à Sociedade Caboverdeana de Autores - 9 de Maio

Após entrevistar Danny Spínola, o jornalista, escritor e pintor, mostrou-nos algumas das suas obras expostas na Sociedade Caboverdeana de Autores - de que é membro.

Ofereceu-me algum material, do qual gostaria de destacar o livro "vagens de sol".



«O Sol ao nosso lado, a lua por cima de nós o céu sob os nossos pés ou o mar por dentro de nós podem ser o anel ou a ponte por onde nos florescemos, mas jamais sentiremos a vibração do Cosmos bem dentro das nossas veias, do nosso sangue, se não soubermos dispor do coração ou dos nossos fôlegos ao relento».

Danny Spínola, Vagens de Sol, Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2005, p.58.


A Sociedade Caboverdeana de Autores foi criada oficialmente em Fevereiro de 2005, a fim de ser uma "ferramenta" daqueles que, nas mais variadas áreas da criação, desde a ciência às artes nas suas múltiplas formas, constroem a Cultura do arquipélago de Cabo Verde.

A SOCA é presidida pelo poeta David Hopffer de Almada.

Visita à Biblioteca Nacional de Cabo Verde

Na BN podemos encontrar, começando a visita pelo lado direito:
- manuais escolares portugueses oferecidos;
- vasta bibliografia em francês (literatura, dicionários, história...);
- História (colecção Nova História da Expansão de Joel Serrão, História de Portugal, História Geral de África, Dicionário Histórico Brasileiro, História da Inteligência Brasileira...);
- Literatura Portuguesa, Brasileira, Angolana, Moçambicana;
- Literatura Espanhola, Inglesa, Francesa;
- Linguística;
- Arte;
- Administração;
- Física, Biologia, Química;
- Sociologia, Filosofia, Psicologia, Religião;
- Ciências Naturais, Matemática, Medicina;
- Educação;
- Política, Direito, Economia, Estatística.

Tive oportunidade de entrevistar o Presidente da BN, Dr. Joaquim Morais, no dia 9 de Maio. Mais uma conversa agradável e interessante!
Link da BN: http://www.bn.cv/

Visita ao Arquivo Histórico Nacional



O Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde tem disponível alguns dados estatísticos relativos à década de 1970 e alguns livros sobre a história do país.
Link do AHN: http://www.ahn.cv/

Gravações do Programa "Intimidades" - 3 de Maio

Para surpresa minha descobri que um ex-colega meu do curso de Sociologia na FCSH-UNL (1998-2002), o Abraão Vicente, para além de Lic. em Sociologia, pintor e fotógrafo, é actualmente apresentador de televisão em Cabo Verde.

Realiza o Programa Intimidades, tendo a oportunidade de entrevistar - no seu "sofá vermelho" - diversas personalidades caboverdeanas relevantes na senda cultural, e não só, do país.

Assisti em directo às gravações do programa no dia em que entrevistou o Escritor José Luís Hopffer, em frente à Reitoria da Universidade de Cabo Verde.
Nota: o programa intimidades passa na Televisão de Cabo Verde às sextas-feiras por volta das 20h.
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Ao entrevistar o Abraão conclui que é um jovem bastante activo e interveniente na sociedade civil caboverdeana. Para além dos seus trabalhos artísticos e de apresentador, exerce ainda, de forma descomprometida e espontânea, uma crítica atenta ao que se passa no seu país.
Foi o Abraão que me apresentou os músicos Ricardo de Deus (brasileiro, há 8 anos em CV) e Djimbo Barbosa (caboverdeano; actualmente também um dos pró-reitores da Universidade de Cabo Verde), e o Presidente da Associação Fladu Fla - Sabino Baessa.

Visitas ao Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP)

Tive o privilégio de estar na cidade da Praia num momento em que na sede do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) se realizaram 2 iniciativas com muito interesse.

No dia 4 de Maio, às 10h, assisti ao lançamento do concurso literário para jovens "Terminemos este conto", com a presença da sua Directora executiva, Dr.ª Amélia Mingas; do Secretário Executivo da CPLP, Sr. Embaixador Luís Fonseca e o representante da União Latina, François Zumbiehl.
Na sequência do lançamento do concurso foi feita a apresentação do projecto "A hora do conto".

Fotos do evento:



No dia 7 de Maio assisti à Palestra "O fenómenos da recriação da Língua Portuguesa na narrativa africana" proferida pela Professora Brasileira Simone Caputo Gomes.
Ler +: http://www.iilp-cplp.cv/index.php?option=com_content&task=view&id=35&Itemid=67
Fotos do evento:

No dia 10 de Maio tive ainda a oportunidade de entrevistar a Directora Executiva do IILP, a Dr.ª Amélia Mingas. Fui muito bem recebida e a conversa, além de muito útil para que eu conhecesse melhor o Instituto, foi interessantíssima porque falámos de diversos assuntos paralelos.
No final da conversa, a Dr.ª Amélia ofereceu-me uma pasta com documentação relativa às actividades do Instituto, de entre as quais gostaria de destacar:
- II Feira do Livro da CPLP em Dili, Timor-Leste (Dezembro de 2007);
- Projecto "Língua vivas no mundo da CPLP";
- Projecto "A viagem das plantas";
- Revista bianual do IILP;

Visita ao Palácio da Cultura Ildo Lobo - Praia - 3 de Maio





O Palácio da Cultura, homenagem ao famoso Ildo Lobo, está aberto ao público durante a hora de expediente e pode ser visitado gratuitamente. Está localizado na praça central, perto dos Paços do Concelho, e é palco de diversas iniciativas culturais da cidade.
A sede da Associação de Escritores Caboverdeanos é neste edifício, mas é difícil encontrar lá alguém.

Ainda na mesma infraestrutura podemos encontrar uma livraria (que para além de livros, revistas e jornais tem também alguma música, artesanto, calendário e postais).

Deslocação ao Tarrafal - Dia 30 de Abril ao final da tarde






Destaques da viagem ao Tarrafal (no extremo oposto da ilha):

- paisagem acidentada e seca; pessoas a viverem isoladas ou em pequenas comunidades, em casas com aspecto inacabado e por vezes insalubre;
- não há água em boa parte das casas, as pessoas vão buscá-la a uma fonte ou torneira pública com a ajuda de burros;
- há muitos animais à solta (galinhas, leitões, vacas...);
- curioso verificar que essas pessoas (que vivem em locais isolados), tinham bons jipes e carrinhas estacionadas! Também os jovens se apresentavam com roupas "estilo dred americano", com aparelhos de música e fios compridos de ouro...
- o caminho é difícil de percorrer, principalmente a partir da Assomada em que a estrada deixa de ser alcatroada;
- o ex-campo de concentração do Tarrafal encontra-se perto de uma localidade onde vivem muito poucas pessoas e tem um aspecto abandonado; embora me tenham dito que hoje é uma espécie de "museu";
- o Hotel Tarrafal (onde ficámos instalados), está muito bem localizado junto à belíssima praia! :) Os empregados da recepção falavam crioulo, português, francês e inglês. O Hotel estava cheio de turístas de várias partes da Europa;
- a vila do Tarrafal tem muitas mulheres que vendem peixe na rua. As suas roupas são muito coloridas e vistosas;
- encontrei duas jovens junto ao miradouro pr'a praia, que me pediram para lhes tirar umas fotografias. Deram uma grande gargalhada quando lhes mostrei as fotos na máquina digital! :)
Perguntaram-me de onde é que eu vinha. Respondi-lhes que vinha de Portugal. Perguntaram em seguida: "Portugal tem sabura?" Foi a vez de eu dar uma gargalhada!!! Que iria eu responder?! Disse que sim, mas não tanto quanto Cabo Verde. Elas acharam muita graça à minha filha e foi engraçada a forma como pronunciaram o seu nome;
- trocámos algumas impressões com um casal de alemães que fez um périplo pela ilha de Santiago e estava de partida para o Sal. Disseram-nos que antes de viajarem para Cabo Verde tinham comprado um dicionário de Português e que ficaram muito espantados com a falta de correspondência entre a língua dos caboverdeanos e a língua do dicionário. Quando falámos em Português, eles exclamaram: "finalmente palavras portuguesas"!!! Isto porque de facto toda a gente fala crioulo no seu quotidiano e na maior parte das suas actividades;
- comemos no restaurante do Hotel e o meu marido afirmou ter comido a melhor garoupa de sempre :)
- há muitos, mas mesmo muitos jovens no Tarrafal. São alegres e passam muito tempo na praia em grandes grupos de amigos;
- a Câmara Municipal do Tarrafal é uma estrutura pequena, mas adequada à vila. Têm actualmente projectos de geminação com a Câmara Municipal de Setúbal;
- a viagem ao Tarrafal foi muito agradável - Gostámos muito de conhecer o local.

Visita ao Núcleo Museológico da Praia - Instituto da Investigação e do Património Culturais - Dia 30 de Abril... final da manhã



Visita ao Museu Etnográfico da Praia... Dia 30 de Abril


Museu visto de fora & Pormenor do interior

Exposição de panos tradicionais & peças feitas à mão

O Museu Etnográfico de Praia estava oficialmente fechado ao público para remodelações, mas o meu colega Francisco falou com uma das responsáveis explicando que aquando da abertura eu já não estaria na ilha e que eu fazia mesmo gosto em conhecer o Museu. A sr.ª acedeu ao seu pedido e a visita foi muito agradável.

Procurando dados estatísticos... Dia 30 de manhã



Visita ao INE à procura de dados estatísticos sobre a entrada e saída de caboverdeanos nos PALOP e em Portugal. Deparei-me com a inexistência dos mesmos! A única informação existentes era sobre remessas.



No INE recomendaram-me que visitasse o SEF, e assim fiz. Como também não tinham os dados, mandaram-me falar com alguém da Polícia de Segurança Pública, estes últimos disseram-me que a informação requerida era da competência do aeroporto - que ficou de conceder a mesma.
Conclusão: voltei a Lisboa sem quaisquer dados estatísticos :(

Presença dos chineses em Praia

É notória a presença dos chineses no comércio das ruas da capital. Ao percorrer uma das ruas mais longas, contei 11 lojas chinesas.
Foi curioso notar que os comerciantes chineses interagem muito com os comerciantes caboverdeanos; por mais de uma vez vi caboverdeanos em lojas chinesas e vice-versa partilhando pequenos pestiscos.


Em conversa com alguns locais, soube também que os chineses estão a investir no sector da construção, nomeadamente em caixilharia.
Construiram o edifíco da Biblioteca Nacional, o Palácio Nacional e outras tantas infra-estruturas de grande importância para a Ilha.
Biblioteca Nacional
Estátua de Amílcar Cabral em frente à BN

Presença Francesa em Praia

Centro Cultural Francês
Rua Andrade Corvo (a mesma Rua do Instituto Internacional de Língua Portuguesa)

O centro promove diversas actividades na ilha (exposições, concertos, encontros, etc...).

Dia 28 de Abril - Conhecendo a cidade...

Depois de termos visitado alguns amigos durante a manhã, de tarde fizémos um passeio pelo Plâteau.


Á noite fizémos um passeio pela zona nobre, cidade velha, Palmarejo de Baixo (onde parámos na Pensão Benfica para tomar uma bebida fresca - ficámos com muito boa impressão desta pensão), e visitamos ainda outros locais...
Palmarejo de Baixo

Agradecemos aos amigos Massuira e Montrond (que conhecemos nesse mesmo dia) a gentileza de nos levarem a conhecer esses locais da Praia. Foi um passeio muito agradável e uma boa forma de sermos recebidos na ilha. :) Obrigada!

Partida de Lisboa para Praia - Dia 27 de Abril de 2007

10h40 - Check-in no aeroporto de Lisboa

13h40 - Partida para Praia - Ilha de Santiago, Cabo Verde

16h00 (hora local) - Chegada ao aeroporto de Praia

Ao chegarmos ao aeroporto, ficámos retidos porque o funcionário nos informou que os nossos vistos não tinham chegado e portanto, embora tivessemos tratado de toda a burocracia em Lisboa, tivemos de preencher novos papeis solicitando um visto de permanência.
Entretanto, o meu colega Francisco Carvalho que vive em Praia, aguardava-nos do lado de fora... começou a estranhar a nossa demora e pediu para ir ter connosco. Passados uns minutos de ele chegar perto de nós, encontraram os nossos vistos e pudemos sair sem ter de se pagar tudo novamente.
Assim que saimos do aeroporto fomos cercados por um grupo de cerca de 5 jovens que nos queriam transportar as malas em troca de uma gratificação... Foi muito complicado despachá-los, porque não nos largaram sem umas moedas... Só que não tínhamos moedas em escudos caboverdeanos (não tínhamos dinheiro trocado), ficaram todos contentes com umas moedas em euro.

Tínhamos à nossa espera um motorista que nos levou até ao hotel Praia Maria. Mas quando lá chegámos deparamo-nos com um quarto que não tinha janelas... 15 dias num quarto sem janela, seria muito duro! Mudámo-nos para a Residencial Santa Maria, uma rua abaixo, mas dos mesmos donos. O quarto era razoavelmente melhor! Com janela e com ar condicionado.

A primeira pessoa com que me deparei quando cheguei ao Praia Maria foi a cantora Lura que estava na Ilha para uma actuação na Praça Central nessa noite.

Depois de instalados no Santa Maria, fomos fazer algumas compras para abastecer o frigorífico! A ajuda do meu colega Francisco foi fundamental. Obrigada amigo! :)